A azulada dissera que não contaria por preguiça, basicamente eu julguei que era por não querer mesmo, pronunciei um "Tudo bem" e continuamos a conversar.
- Que diferença não? Você que odeia e eu que amo.
O mundo esta repleto realmente de pessoas diferentes. Tacar fogo na escola? Que rebeldia, mas até que seria interessante demais. Passado a conversa da lata de lixo.
....
Quando o perguntei se estava bem o mesmo respondeu de uma forma diferente do que imaginei, mas já era meio esperado. Assim que fui arrumar sua saia ouvi-o gritar para eu não toca-lo, oxe, foi sem querer, é natural ter esse impulso. Ate porque eu sabia muito que você é homem, ne? Antes fosse. Depois de sair da lata e eu arruma-la o garoto comentou que referindo-se a si mesmo como uma garota ainda.
- E sinto que minhas pernas vão arder um bom tempo.
Parece ate aquelas queimaduras que criança faz em brinquedos de borracha em dia das crianças na praça. Quando as garotas apareceram o rosado colou na minha cintura com um sorriso fofo para ambas. Apenas sorri fofamente em resposta, vendo as duas irem embora e este soltar-me suspirando.
- Não acho que seja necessário, se perguntarem não sei como vou responder...meio que falar toda essa cena de lata de lixo vai parecer mais mentira que qualquer coisa, mesmo sendo verdade.
Meio que ardia ainda mais as pernas estarem coladas uma na outra, mas tinha gente passando e seria complicado demais explicar aquilo. Dai o azulado pegou uma de minhas mãos sem mais nem menos e saiu me arrastando com ele.
- Itai!...ande mais devagar...
Choraminguei sentindo a ardência só do ar bater contra as manchas vermelhas. Me sinto uma criança, uma daquelas bem bobas. Só queria saber realmente porque que senti minhas bochechas arderem quando o garoto simplesmente pegou minha mão, ae, talvez seja porque embora eu aceite os garotos nunca tenha de fato ficado a presença de um tanto tempo. Mas eu já o abracei e tal, para que essa reação? É meio...
- Desnecessária...
Acabei falando o pensamento sem querer e apenas voltei meu olhar ao lado de fora acompanhando Saya pelos corredores, meninas andarem de mãos dadas era extremamente normal, então ninguém se incomodava. Como ele havia ficado calado e eu nada tinha muito que dizer também, apenas fiquei quieta. Logo já estávamos na enfermaria, pera, ele gravou mesmo os lugares que mostrei a ele.
- Você tem boa memória.
Comentei assim que adentramos o local e avistei a enfermeira sentada em uma cadeira, apenas esperando algum afortunado.
- Porque suas pernas estão tão vermelhas?
Perguntou a maior olhando-me de cima abaixo, mas logo me puxando com ela.
- Nada demais não, só um acidente bobo.
- Hum?
Vi-a olhar por cima do meu ombro para Saya que estava logo atrás depois de me colocar sentada em uma das camas do local e ficar examinando minhas pernas.
- É serio...
Acabei fechando um dos olhos quando a enfermeira concordou finalmente aceitando e começou a passar o algodão embebido em soro sobre as queimaduras.
- E você, esta tudo bem?
Vi-a perguntar a Saya se ele estaria bem também. Ficamos uns minutos esperando ela terminar de colocar uns curativos na arte mais alta, perto da virilha, que era a que estava mais machucada.
- Use isso, ou vai todo mundo ficar perguntando o porque desses curativos.
Ela levantou e pegou uma meia calça preta de dentro da gaveta e vindo até minha pessoa, pronunciando um "Eu te ajudo". Meio que não dava para dizer algo como "Não, pera, eu prefiro colocar no banheiro", para ela, ele é garota, então não posso fazer nada. Apenas deixei a maior colocar a meia calça em mim sem xiar a respeito.
- Evite andar um pouco, fique uns 20 minutos parada.
- Hai
Sorri a moça que saiu para fazer alguma coisa e deixou-nos na sala.
- Ela não tem piedade da dor que isso tras, passando aquele algodão daquela forma.
Comentei ainda sentada na cama, fazer o que, tem de ficar aqui ou a enfermeira vai ficar reclamando.
- Bom, pelo menos sei que ela não vai sair por ai espalhando supostos motivos para isso. A antiga enfermeira tudo relatava, era um saco.
Virei-me para a direção do garoto.
- Alguma ideia do que quer fazer agora? Ir falar com alguém sobre o tal evento? Ou coisa do gênero?
Fazer o que, não é como se saber que ele é garoto fosse me fazer desistir da suposta "vingança" que agora sei o porque de ele desejar tanto.[/color]